sábado, 8 de abril de 2017

TORCIDA ÚNICA

Texto de Rubens Mário
PROFESSOR E ADMINISTRADOR DE EMPRESAS
 
Estamos, definitivamente, vivendo num país cheio de contradições e de decisões desconcertantes. Certamente, tudo isso é reflexo do nosso equivocado sistema político eleitoral. Para onde quer que nos viremos, nos deparamos com irregularidades, muitas até legalizadas, de modo incompreensível, à luz da racionalidade.
No futebol, essas decisões, mais causam problemas do que soluções! Com a convulsão social provocada pelo gigantismo populacional, causado pelo êxodo rural e falta de educação básica, as gangues organizadas formadas por jovens marginais excluídos das escolas básicas, muitos menores de idade, ignorados pelos seus falsos tutores, se juntam em bandos, divididos pelas cores vermelho e azul, tocando o terror, sendo os dois clubes representativos dessas tonalidades, usados como meras justificativas para suas badernas. As ruas de bairros distantes do estádio e os transportes coletivos, são os palcos preferidos, oportunamente, pelos baderneiros. Um fato inusitado aconteceu após o término da decisão do campeonato passado, quando, por uma falha clamorosa do policiamento, um bando de azul - não confundi-los com torcedores do CSA - pulou para dentro do campo, quando a ordem da própria polícia era a saída imediata deles do estádio, e, passou a se digladiar com outro bando de vermelho que invadira pelo outro lado para comemorar o título conquistado pelo CRB. Certamente, os torcedores do time campeão invadiriam o campo para abraçar seus ídolos, como é tradição até na Europa. Por conta desse fato, milhares de torcedores dos dois clubes ficaram impedidos de entrar nos estádios durante onze jogos. Pasmem! Faço aqui um desafio às nossas autoridades para que façam uma enquete com 10.000 torcedores de cada lado, perguntando quantos brigaram ou fizeram arruaças no estádio, ou nas ruas! Um outro grave equívoco, inclusive da mídia, é confundir, gangues, com torcidas organizadas. Dos dois lados têm torcidas organizadas formadas por pessoas de bem. A “Família chopp” e a “Bravos regatianos”, são belos exemplos, dentre outras dos dois lados.
Há anos, as nossas autoridades tentam encerrar as atividades das duas facções, que, apesar de compostas, aparentemente, por pessoas sem recursos financeiros, e sem peso social, desafiam a todos. A vermelha, ainda esboçou um relativo respeito às instituições, mudando o nome oficial, de “comando vermelho”, para “comando alvirrubro”. A “mancha azul”, sequer, mudou a sua famigerada denominação.
Na verdade, as duas organizações contraventoras são misturadas ao futebol por absoluto oportunismo. Recentemente, integrantes da azul foram a Natal apenas para bagunçar, pois, o jogo nada valia. Passaram algumas horas detidos, saíram na mídia, atualizaram seus currículos e voltaram triunfais.
Quem acompanha o futebol sabe que os torcedores dos dois clubes se respeitam.  Todos os torcedores do CRB, têm amigos, e, até, alguns familiares que torcem para o rival, assim como os nossos rivais têm milhares de amigos e familiares que torcem para o CRB. Acharam os exemplos parciais? Fi-los de propósito para mostrar qual é a nossa desavença.
Talvez, pela sobrecarga de trabalho, as nossas autoridades ainda não tiveram o cuidado necessário para analisar um problema tão delicado, pois, envolve paixões. Temos visto decisões até cômicas! Tais quais as, de proibir uniformes de entrarem nos estádios, como se eles brigassem, quando um baderneiro vestido no seu uniforme seria bem mais fácil de ser identificado! Uma promotora já teve o desplante de proibir torcedores do CRB de entrarem vestidos com as camisas do clube num jogo com o Vasco pela Copa do Brasil. Seria fulcral que essas decisões fossem tomadas por pessoas que frequentem as gerais e arquibancadas nos clássicos! Que andem pelas ruas! Que vejam os ônibus em dias de jogos! Que vistoriem as sedes das gangues! Tenho a certeza que jamais falariam em torcida única! Dos seus gabinetes, jamais enxergarão o verdadeiro problema.

2 comentários:

  1. Professor,

    Parabéns pelo texto.
    Entendo que "torcida única" é uma demonstração da incapacidade da segurança pública de lidar com marginais organizados.
    Hoje, torcida única; amanhã, sem torcida... Estamos caminhando para a falência total do nosso futebol.
    Se isso não bastasse, o campeonato alagoano é mal elaborado, onde possibilita que clubes com mais pontos ao longo da competição sejam condenados a disputar "torneio da permanência" e o outros, com menos pontos disputem o título. Como aprovam o regulamento de um campeonato onde o maior clássico do interior alagoano, CSE x ASA, não acontece? Conclusão: burrice, aqui em Alagoas, não tem limites...

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  2. Valeu a sua complementação! Obrigado!

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