
Pablo em pouco tempo fez um pé de meia e construiu sua casa de praia na
belíssima Paripueira, sua paixão. Uma casa grande onde nas férias levava seus
dois filhos, passava todo o verão, não perdia a alegre e tradicional Festa de
Santo Amaro, início de janeiro, com muita música, bebida, folguedos e quermesse
da Igreja.
Quando os filhos se tornaram adolescentes preferiam passar férias na
praia da Barra de São Miguel, reduto da juventude no verão, na casa do tio
Renato, irmão de Regina. Era um desgosto para Pablo. Por conta disso ele
transformou sua enorme casa numa pousada. Há alguns anos ele a administra em
fim de semana. Às vezes Regina prefere ficar em Maceió, mas ele sempre vai
fiscalizar os serviços prestados por Dona Cícera, a arrumadeira, e pelo jovem Gerson,
administrador, porteiro, faz tudo da Pousada Cruz Alta.
Regina sempre foi ciumenta, mesmo sem Pablo dar motivos. As mulheres
olham com admiração e excitação para seu lindo marido, às vezes se insinuando,
afinal o cara é um tipão de coroa, porém, o comportamento dele é exemplar.
Pablo, de repente, ficou relaxado com os deveres conjugais junto à
esposa. Só faziam amor quando Regina insistia, o que a deixou encucada. Até que,
certo dia ela leu numa revista que o primeiro sintoma de um homem que está
traindo é a frieza sexual com a esposa.
Regina procurou Audálio, detetive especializado, no Edifício Breda.
Depois de um mês de investigação seguindo o suspeito, ele nada encontrou.
Mostrou fotografias do marido no trabalho, nas ruas, na pousada, tomando banho
de mar, sempre desacompanhado. Durante as noites que ela não o acompanhava, ele
dormia sozinho em Paripueira. O experiente Audálio concluiu que o marido estava
passando apenas por uma fase sem entusiasmo, embolsou os R$ 2.000,00 combinados
e entregou-lhe as fotos. Regina não ficou contente com as investigações. Ela
sentia no corpo e no comportamento a mudança do marido.
No início de janeiro no ano passado, Regina inventou que não podia
acompanhar o marido à Festa de Santo Amaro em Paripueira, pediu desculpas por
não ir. Ele disse que não havia problema e partiu feliz da vida para seu
paraíso.
Ela percebeu essa alegria no ar. Deixou o maridão viajar. Ao anoitecer,
sem avisar, partiu célere em busca de um flagrante do marido com alguma
sirigaita. Eram sete da noite quando Regina entrou na pousada perguntando pelo
esposo. Dona Cícera e o administrador, o jovem Gerson, disseram que estava no
quarto assistindo televisão. Regina bateu à porta com força, Pablo custou a
atender. Assim que abriu, a esposa entrou de repente perguntando quem estava
com ele, queria conhecer a puta de seu marido. Pablo ficou assustado. Regina procurou
no banheiro, armário, guarda-roupa, quando percebeu que ele estava sozinho,
começou a chorar. Só parou quando foi consolada pelo paciente marido. Dormiram
na pousada, Pablo nessa noite empenhou-se em suas obrigações conjugais.
No dia seguinte, Regina depois do almoço retornou à Maceió. Pegou suas
coisas e partiu. Quando dirigia pela estrada, no meio do caminho, lembrou que
havia deixado os óculos no quarto. Retornou imediatamente. A porta do quarto
não estava na chave, ao abrir, surpreendeu-lhe a cena chocante. Seu belíssimo
marido estava abraçando o administrador Gerson, alisando seus cabelos, beijando
seu rosto. Regina avançou que nem uma leoa deu uma tapa no marido, saiu correndo,
tomou o carro retornando para sua casa.
Regina hoje, um ano depois, mudou seu modo de vida, não se sabe se por
vingança ou por prazer. Quem quiser encontrá-la todo fim de semana está nas
baladas de Maceió, dançando, bebendo, namorando, dando para todo mundo. Pablo,
o belo, continua morando em Paripueira. Regina só o aceita de volta se ele
fizer um tratamento, a “Cura Gay”. Ela
acredita piamente que homossexualismo é doença.
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