sexta-feira, 13 de julho de 2018

AMNÉSIA

Texto de Aloisio Guimarães

Detesto telefone celular. Melhor dizendo, detesto a dependência que as pessoas passaram a ter da geringonça. É impressionante como o brasileiro é idiota por celular. Em qualquer cidade, seja na rua do comércio ou em shopping center, as lojas que vendem esses aparelhos estão constantemente abarrotadas de gente comprando celular. E se isso não bastasse, eles compram chips a toda hora e muitos deles mudam de número do telefone com frequência, ao ponto de ser comum o diálogo abaixo:
- Paulo, cansei de ligar para você e ninguém atendia...
- Ah, Pedro, esqueci de avisar: o meu número agora é esse daqui...
Basta ser lançado um modelo novo (e as empresas fazem isso todo dia), para começar aquele corre-corre e empurra-empurra, onde todos querem ser o primeiro a ter a novidade.
Em qualquer loja de celulares, você pode testemunhar diálogos como:
 - Ei, vendedor, você tem o "Babaca 468KI235H2TKHL, com tecnologia 4,5G"?
- Ainda não, amigo, mas estamos esperando... No momento, só temos o "Otário 171", com 5 chips, câmera de frente e de ré...
Nos dias atuais, o aparelho celular faz tudo ou quase tudo: rádio, gps, televisão digital, máquina fotográfica, filmadora, internet, gravador de áudio, videogame, agenda... Resultado: você termina pagando caro por muita coisa que nunca vai usar ou vai usar muito pouco.
O Ipad é o brinquedinho da moda, o sonho de consumo da meninada. A cada atualização, fazem filas (com dias de antecedência) para comprá-lo e, quando conseguem, vibram como se tivessem ganhado na loteria. A vendagem ainda não é maior do que a atual porque um aparelho de marca ainda está caríssimo para os padrões das classes C e D, as mais pobres e, por incrível que pareça, as maiores consumidoras de celular. Quanta bobagem! E, como troco, recebem de volta o péssimo atendimento das empresas de telefonia.
No meu aparelho celular só faço uso do gps e da câmera (quando viajo) e do WhatsApp (por economia). Muitas outras novidades nada mais são do que "meia-sola", com intuito comercial. Agenda, eu procuro evitar usar. Antes, quando não existia agenda em telefone, sabíamos “a nossa lista telefônica de cor. Hoje, não. Se alguém não estiver com o celular na mão, não sabe o número do telefone da sua mulher, da filha, da mãe...
- Marcelo, mais tarde eu ligo pra você... Qual o número do seu telefone?
- Cara, eu não sei...
- Não sabe?!
- Claro que não, eu não ligo pra mim!
Sendo extremista, eu diria que daqui a alguns anos, o homem não vai mais ter "memória" e sim "uma vaga lembrança".
Eu, não! Prefiro continuar exercitando a minha cuca e ter memória!

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