sábado, 7 de julho de 2018

VIVA SÃO JOÃO!

Texto de Aloisio Guimarães

Estivemos no período junino. Não foi difícil comprovar que estão acabando com o que há de mais tradicional nas Festas Juninas do Nordeste do Brasil: A Quadrilha.
Em nome de eleger “A melhor Quadrilha do Nordeste", os "donos" das quadrilhas e os organizadores deste tipo de concurso estão descaracterizando, por completo, as roupas, a dança e as músicas desta brincadeira matuta:
• A roupa dos componentes está mais para "Desfile de Fantasia Carnavalesca do Teatro Municipal" do que para vestimenta de matuto nordestino;
• As músicas entoadas satisfazem a “todas as tribos”, menos ao espírito junino, passando até pelo axé e pelo o funk.
• E a dança? Será que pular freneticamente e desordenadamente, feitos loucos, pode se chamar de dança?!
Estarrecido, comprovei pela TV que a sanfona, o triângulo e o zabumba já começam a ser substituídos pelo violão, pela guitarra e pela bateria.
Além da queda o coice: para serem proclamadas campeãs, as quadrilhas já começam a adotar um "tema", tipo "Enredo de Escola de Samba".
Pelo "toque do zabumba", no futuro bem próximo, todas elas terão obrigatoriamente, na sua estrutura, coisas absurdas do tipo "Forró-Enredo" (versão do Samba-Enredo), "Abre-Salão" (versão do Carro Abre-Alas), "Ala dos Lampiões" (versão para a Ala das Baianas), "Puxador de Forró" (tipo Puxador de Samba)...
Pouco a pouco, aquilo que deveria ser nordestino da gema, vai deixando de sê-lo...
Recuso-me a assistir passivamente a esta palhaçada que estão fazendo com a cultura de uma gente tão sofrida.
Recuso-me a admitir que o governo (municipal e/ou estadual) patrocine, de qualquer forma, este assassinato das tradições de um povo.
Recuso-me a ficar calado diante estupro que se pratica contra a identidade do nordestino.
Do jeito que a coisa anda, não vai custar muito tempo para acabarem com o frevo, no carnaval pernambucano, chutado para escanteio pelos trios elétricos da vida.
Acorda Nordeste!

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