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Eu já vi muito
adulto hoje em dia dizendo, “como vivíamos sem celular?” Eu mesma já me peguei
pensando nisso e esse é o tema de hoje. Nós não só sobrevivíamos como vivíamos
com plenitude aquela época sem tecnologia, internet e tudo que isso envolve
Quem se lembra da
sensação de brincar na rua? De chegar do colégio morrendo de fome, fazer o
dever, tomar o banho das 17h horas (sim, lá em casa era assim) e correr pra rua
com os amigos. Os melhores amigos. Aqueles que ríamos uns dos outros e não que
existia o bullying. Era saudável. Era seguro. Passávamos a tarde na rua
brincando do patins ao elástico. Do queimado à batatinha frita 1,2,3. Do vôlei
aos teatros e circo que tínhamos a ousadia de cobrar para que a vizinhança
fosse assistir. E ela ia.
No lugar da maldade,
tinha a aventura e as ideias não paravam de surgir. Nossa criatividade vivia a
mil e nossos pais eram despreocupados porque a violência não existia ou pouco
se via ou ouvia falar.
Nós caíamos,
arranhávamos o joelho e nossa mãe colocava Mertiolate que ardia mais que tudo
no mundo. Nós jogávamos aquele joguinho de mão Tetris e tínhamos Tamagush. Nós
comprávamos flau, quebra-queixo, cavaco e escutávamos a mulher do sururu
fresco.
É obvio que gosto do
tempo que vivo hoje. Tudo é mais fácil, mas de certa forma, tudo em algum
momento é mais perigoso também. A internet é uma janela que leva seu filho mais
longe do que a porta da sua casa. Sem falar nas descobertas que só quem estava
na rua, suando de tanto correr poderia explicar.
São infâncias
diferentes, mundos diferentes, perigos diferentes. Mas quer saber? Não tenho
inveja da infância que meu filho vai ter. Pelo contrário, tentarei mostrar ou
tentar fazer com que ele goste de pelo menos um pouquinho do que era ser livre,
livre de verdade.
Esse texto
provavelmente não será interessante aos que já nasceram na era digital. Mas
qualquer um que viveu algo que citei acima vai se identificar e certamente irá
pensar sobre isso. Portanto, aqui está meu apelo: não é porque temos acesso a
tudo sentando numa sala que não podemos fazer com que uma criança levante do
sofá e experimente a infância que seus pais viveram.
Tecnologia é boa
demais. Mas a experiência real e sentida é infinitamente melhor. E respondendo
ao título do texto: a infância que tava aqui, continua aqui dentro de mim e
certamente dentro de você também.
Sempre muito bons textos. Quando posso, leio-os com interesse.
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