terça-feira, 12 de maio de 2015

CADÊ A INFÂNCIA QUE TAVA AQUI?

Texto de Gabriela César
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Eu já vi muito adulto hoje em dia dizendo, “como vivíamos sem celular?” Eu mesma já me peguei pensando nisso e esse é o tema de hoje. Nós não só sobrevivíamos como vivíamos com plenitude aquela época sem tecnologia, internet e tudo que isso envolve
Quem se lembra da sensação de brincar na rua? De chegar do colégio morrendo de fome, fazer o dever, tomar o banho das 17h horas (sim, lá em casa era assim) e correr pra rua com os amigos. Os melhores amigos. Aqueles que ríamos uns dos outros e não que existia o bullying. Era saudável. Era seguro. Passávamos a tarde na rua brincando do patins ao elástico. Do queimado à batatinha frita 1,2,3. Do vôlei aos teatros e circo que tínhamos a ousadia de cobrar para que a vizinhança fosse assistir. E ela ia.
No lugar da maldade, tinha a aventura e as ideias não paravam de surgir. Nossa criatividade vivia a mil e nossos pais eram despreocupados porque a violência não existia ou pouco se via ou ouvia falar.
Nós caíamos, arranhávamos o joelho e nossa mãe colocava Mertiolate que ardia mais que tudo no mundo. Nós jogávamos aquele joguinho de mão Tetris e tínhamos Tamagush. Nós comprávamos flau, quebra-queixo, cavaco e escutávamos a mulher do sururu fresco.
É obvio que gosto do tempo que vivo hoje. Tudo é mais fácil, mas de certa forma, tudo em algum momento é mais perigoso também. A internet é uma janela que leva seu filho mais longe do que a porta da sua casa. Sem falar nas descobertas que só quem estava na rua, suando de tanto correr poderia explicar.
São infâncias diferentes, mundos diferentes, perigos diferentes. Mas quer saber? Não tenho inveja da infância que meu filho vai ter. Pelo contrário, tentarei mostrar ou tentar fazer com que ele goste de pelo menos um pouquinho do que era ser livre, livre de verdade.
Esse texto provavelmente não será interessante aos que já nasceram na era digital. Mas qualquer um que viveu algo que citei acima vai se identificar e certamente irá pensar sobre isso. Portanto, aqui está meu apelo: não é porque temos acesso a tudo sentando numa sala que não podemos fazer com que uma criança levante do sofá e experimente a infância que seus pais viveram.
Tecnologia é boa demais. Mas a experiência real e sentida é infinitamente melhor. E respondendo ao título do texto: a infância que tava aqui, continua aqui dentro de mim e certamente dentro de você também. 

Um comentário:

  1. Sempre muito bons textos. Quando posso, leio-os com interesse.

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