sábado, 9 de maio de 2015

TERRAS LUSITANAS

Texto de Aloisio Guimarães

No mês de abril passado, estive de férias e aproveitei para conhecer Portugal e também rever alguns amigos que não via há oito anos e que moram na região do Algarve.
Como esta não foi a primeira vez que estive na Europa, alguns fatos me chamaram a atenção, negativamente, já que não os detectei nos outros países que visitei. O principal deles foi o grau de pobreza crescente em Portugal: além visualizar pessoas catando lixo nas lixeiras das cidades, éramos constantemente importunados com pedidos de esmolas. Conversando com os amigos que fizemos, todos foram unânimes em apontar as mesmas causas do problema. As maiores justificativas e reclamações que ouvimos foram de que a entrada do país na comunidade europeia só fez piorar a situação econômica local; que os alemães já compraram grande parte do país e que o trânsito livre de pessoas, sem controle de fronteira, fez surgir os assaltos e roubos, ao ponto de dizerem que Portugal está ficando pior do que o Brasil. Como não poderia deixar de ser, a “esquerda” já começa a defender a volta do “escudo”, antiga moeda do país, o que equivale dizer a sua saída da comunidade europeia.
Deixando a parte política e economia de lado, foi muito bom conhecer a nossa pátria-mãe, com suas belas cidades e belos monumentos.
Durante a minha visita, cheguei às seguintes conclusões, lembrando que não sou o dono da verdade:
● A cidade do Porto é infinitamente mais bela do que Lisboa.
Braga é a mais linda cidade portuguesa.
Um destaque à parte é Valença (fronteira norte com a Espanha), onde a cidade antiga é toda cercada por muralhas, protegida por canhões. Grande parte dos serviços públicos (prefeitura, correios, comércio...) ainda funciona no local.
● As atrações turísticas do país ficaram dentro das expectativas: a Torre de Belém, o Padrão dos Descobrimentos, o Castelo de São Jorge, o Castelo de Guimarães; a Universidade de Coimbra; o Cabo da Roca (ponto mais ocidental da Europa, levando Camões dizer “Eis aqui, quase cume da cabeça de Europa toda, o Reino Lusitano, onde a terra se acaba e o mar começa...”), a Ponte Luís I, a Ponte Vasco da Gama, a Ponte 25 de Abril, o Mosteiro dos Jerónimos, o Monumento Cristo Rei... A mais bonita delas, disparada, é o Palácio da Pena, em Sintra. Considerado “patrimônio nacional”, ele é simplesmente fantástico.
O Santuário de Fátima, para quem conhece o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, pode ser considerado modesto. Mesmo assim é muito bonito, principalmente a sua parte moderna.
● A região do Algarve, não chega a ser “nenhuma bratemp”, mas se distingue do resto do país pela atração que as suas praias provocam nos turistas e nativos. É impressionante o número de voos que chegam e partem de Faro (cidade pequena), a capital do Algarve, mesmo no período de “baixa estação”.
● Simples e bonita, a Igreja de Santa Luzia, em Viana do Castelo.
● Os preços são praticamente iguais aos praticados aqui, com exceção da alimentação que é mais barata. Come-se bem, com pouca grana, a depender do local e luxo.
● O meio de transporte mais utilizado no país, a exemplo da toda a Europa, é o trem (que lá chamam de comboio), limpos, rápidos e de pontualidade britânica.
● O povo português sabe quem é o Brasil, mas a grande maioria desconhece a extensão territorial do nosso país. Para muitos, somos do tamanho (ou menor) do que Portugal.
● O Benfica está para Portugal assim como o Flamengo está para o Brasil.
Como diz o ditado, “perco o amigo, mas não perco a piada”: Eu e a minha esposa fomos conhecer o Shopping Amoreiras, o mais luxuoso de Lisboa. Na hora de voltarmos, começou a cair uma chuva “daquelas” e, como não tínhamos mais o que fazer e estávamos cansados, resolvemos assistir um filme no cinema do shopping. No meio do filme, eis que aparece uma imagem parada, avisando que é “hora do intervalo”, ou seja, 10 minutos de interrupção na exibição do filme para a plateia ir ao sanitário (que lá chamam de “casa de banho”), comprar pipoca, balas e/ou refrigerante. Coisa de português...
Por fim, entendo que, para quem precisa do turismo para “sair do buraco”, o português precisa ser mais atencioso com seus visitantes. Em algumas ocasiões, a má vontade em fornecer informações foi gritante, principalmente na hora de comprar bilhetes do trem (comboio), atividade muito complicada para “marinheiros de primeira viagem”. Depois, quando se aprende (“na tapa”), vê-se que é prático e completo o livreto de opções de trens que lhes dão como resposta.
Mais uma vez, agradeço aos amigos Costa, Dina e Bruno, pelo “tratamento vip” que nos dispensaram, inclusive nos levando a conhecer Ayamonte e Huelva, sul da Espanha. 

3 comentários:

  1. Belo relato meu caro Aloisio. Já estive por lá inúmeras vezes e conheço grande parte do país.
    Um abraço.

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  2. Confesso que já estava a tardar algumas palavras do nosso amigo Aloísio Guimarães sobre a recente viagem a Portugal, a este meu pedaço de terra à beira-mar plantado. Gostei da crónica e de alguns reparos, já que certas observações -quanto a mim - pecam pelo desconhecimento da situação atual do meu país.

    Mas, ainda bem que o Aloísio gostou do pouco que aqui viu, embora tenha visto muita coisa. Talvez a informação que lhe foi dada peque por alguma deficiência. Portugal, realmente, está a passar por uma crise de pobreza e de valores, tal como a maior parte da Europa.

    Não vou aqui fazer comparações entre o viver dos tugas e dos canarinhos, a riqueza está por toda a parte e a pobreza, em maior número, é quadro flagrante nos dois países. Mas, quanto a certas comparações feitas pelo Aloísio, resta-me retificar: os alemães não compraram a maior parte do país, embora existam muitos compradores de pequenas propriedades, não só alemães, como espanhóis, brasileiros e chineses; só a esquerda, mais à esquerda, deseja a volta da nossa antiga moeda, - o escudo -, e a saída da União Europeia, mas a grande maioria dos portugueses sente-se muito bem acompanhada, embora sinta na pele os imensos sacrifícios que isso acarreta.

    Como também não sou o dono da verdade, - tal como o amigo Aloísio -, apenas direi que a cidade do Porto é muito bonita e histórica e que a cidade de Lisboa é imensamente esplendorosa e histórica também; Braga é, realmente uma linda cidade portuguesa, mas não deixamos de assinalar a maravilhosa cidade de Évora, no Alentejo, considerada Património da Humanidade, tal como Coimbra, para não falar de outras; Valença, realmente, é um caso aparte; das atrações turísticas as citadas merecem uma visita prolongada, mas não se deve esquecer Óbidos, Mértola, Sagres, etc., autênticas joias da nação portuguesa; além de Fátima, merecem uma visita o Sameiro, São Pedro da Porta Aberta, o Bom Jesus, etc.

    Quanto ao desconhecimento da imensidade do Brasil, só as camadas menos cultas não sabem o que é a pátria irmã, a maioria dos portugueses sabem bem a localização, a história, os hábitos e os costumes brasileiros; quanto ao Benfica, considerado o maior clube português, não devemos esquecer o Futebol Clube do Porto, seu acérrimo rival, nem o Sporting Clube de Portugal de tão antigas tradições. E, já agora que falo em clubes desportivos, não posso esquecer o meu Belenenses, que inaugurou o estádio do Maracanã…

    Por fim, não quero deixar de dizer ao amigo Aloísio que teve azar com os portugueses a quem pediu informações, já que, regra geral, costumamos atender com a maior deferência e carinho os estrangeiros que nos visitam, especialmente os brasileiros. Ah, já me esquecia… o Shopping Amoreiras que visitou, é certo que fica no centro da cidade, mas é o mais antigo centro comercial de Lisboa, caído em desuso em benefício do Centro Comercial Vasco da Gama e do Centro Colombo, este considerado um dos maiores da Europa.

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    1. João,

      Obrigado pelo comentário. A situação política e econômica de Portugal me foi passada por diversas pessoas com quem conversei. Talvez eles tenham exagerado, mas o que disseram foi justamente isso,

      Ah, conheci todos estes shoppings de Lisboa, inclusive o Colombo, onde almocei antes de assistir ao jogo Benfica 5x1 Acadêmica.

      Abraço.

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