PROFESSOR E ADMINISTRADOR
Sempre ressaltei em diversos artigos escritos para jornais, blogs e
sites, a importância, ou imprescindibilidade da educação para o equilíbrio
social e econômico do nosso país. Escrevo, sem pretender ser o dono da verdade,
mas, com a segurança de ter passado toda a minha vida em salas de aula,
lecionando em todos os níveis escolares da educação pública e privada. Essa
relação somente foi destroçada quando durante as férias do último ano letivo
recebi um e-mail do coordenador do curso de administração do Cesmac - um
administrador - comunicando que não mais servia para aquela instituição, pondo um
fim melancólico a uma carreira que eu tanto amava. É importante esclarecer que
outros competentes e dedicados profissionais também tiveram o mesmo tratamento
e destino, ou, foram demitidos da mesma forma, na mesma época, e, pelos mesmos
escusos motivos. É fundamental colocarmos que isso não é regra geral naquela
instituição.
Se prestarmos bem atenção iremos descobrir que a profissão de professor,
que deveria ser a mais delicada e respeitada pelo governo e pela sociedade, é a
única que pode ser exercida, legalmente, por qualquer pessoa, mesmo que a sua vocação
ou escolha profissional não tenha sido o magistério; ou seja, qualquer outro
profissional que necessite de uma renda extra pode dar aulas em algum lugar.
Por exemplo: para atuar como médico o profissional terá que ser formado em
medicina, mas, se ele necessitar fazer um “bico”, poderá dar aulas, legalmente,
em qualquer instituição de nível superior! É evidente que a recíproca será
criminosa, e, podemos fazer essa ilação em todas as outras nobres formações,
sempre com a negativa da reciprocidade.
Nas faculdades particulares, por exemplo, a exigência agora é que o
pretendente à professor, apresente um título qualquer de mestre, mesmo que
aquela titulação não tenha a devida credibilidade, ou, nada tenha haver com a
área na qual ele irá atuar. A sua didática pouco irá importar, pois a
instituição irá propagar que ali tem mestres ou doutores. Na instituição onde
trabalhei por doze anos, cansei de ouvir ameaças do tipo: “Só vai ficar aqui
quem for mestre ou doutor”! Ser um bom professor seria apenas um mero detalhe
sem qualquer importância para o capital. É fulcral ressaltarmos que o MEC cobra
dessas instituições a tal titulação. É também importante que não neguemos a
importância da titulação dos professores, desde que fossem dadas as condições
para tal, e que essas formações fossem genuínas e eficazes. O que presenciamos
nestas instituições privadas são profissionais mal remunerados, desesperados
com a ameaça do desemprego, se endividando para adquirirem titulações, muitas
vezes de forma precária, concomitantemente, ao trabalho como professor. Nessas
faculdades os problemas e suas ramificações tornam-se bem mais complexos, pois,
além da falta de formação didática de alguns profissionais, ocorrem outros
entraves inerentes ao mundo capitalista, à exemplo das demissões sem justa
causa, onde muitas das vezes, um profissional sério e competente é demitido por antipatia de quem comanda os
cursos, tendo como recompensa legal, o recebimento da multa de 40% paga pela
instituição que o defenestrou; os alunos e o profissional que se danem no feroz
mercado de trabalho! Mesmo nas escolas públicas onde os professores só deveriam
adentrá-la através de concursos públicos, ainda observamos monitores, muitos
sem a devida formação no magistério. Nas Universidades públicas ainda
encontramos, muito mais na área das ciências exatas, profissionais de elevada
capacidade técnica, mas, sem nenhuma formação didática, o que dificulta a
transmissão do conhecimento.
Seria imprescindível que os arautos da educação compreendessem que a
verdadeira função de um mestre ou um doutor numa instituição é a de
pesquisador, e não a de professor “biqueiro” como já ficou institucionalizada
em nosso país tão carente de pesquisas em todas as áreas.
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