Texto de Mauro Brandão
Os ventos são assustadores, perigosos, frenéticos, alucinantes...
das máquinas frias, das ruas agonizantes, das buzinas nervosas,
dos ruflares de plástico, dos ruídos
das rajadas, dos niqueis prostituídos,
dos gritos dos infelizes, dos apelos
dos fanáticos, da arrogância dos egoístas,
das tempestades dos míopes, dos
abismos vazios, do viver sem viver...
Ventos da fome, da injustiça, da exploração
surda, do desamor.
Ventos da vaidade, da cobiça, da inveja, da gula
insaciável.
Ventos da intolerância, do ódio gratuito, do
ser sem ser!
Ventos da tempestade escavadora e destruidora
de uma Terra...
Terra! Que nunca foi nossa, e que sempre,
nossa, será!
Mas há além da visão, um vento que nos
liberta da prisão,
e que abre, invadindo em tudo o que há, uma
brecha na fresta da dor.
Há um vento implacável, santo, ungido, e que
invade o ser de luz.
Há sim, um vento que se liberta dos muros da
escravidão
e sopra o ser pelo encantamento que lhe
explode o escuro.
Há o Vento do Espírito, o Vento da Ruah!
Que nos faz enxergar além do ofuscamento dos
relâmpagos.
Que nos enche de asas até trazer em nós o
luar e o vento solar.
O Vento da Ruah é o sopro do Libertador que
surge do caos,
e traz a beleza, a graça, o êxtase, a alegria
e o sentido do vento.
Vento, brisa, calmaria, viração, tempestade,
ventania...
Sua vida está de um lado ou de outro nesse
espelho de si.
De um lado do vento, os ventos que lhe cegam
e ensurdecem.
Do outro lado do vento, os ventos que lhe
voam e lhe mergulham...
Voam e mergulham... aos ventos do Espírito,
os Ventos de Ruah.
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